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Série CHECK in-out 24 Liderança primordial: propulsor oculto do ótimo desempenho.

Uma pesquisa baseada em uma amostra aleatória com 3.871 executivos selecionados de um banco de dados de mais de 20 mil executivos do mundo inteiro traz a tona uma discussão.

“Sujeitos bons” – mulheres ou homens, não importa – emocionalmente inteligentes – chegam na frente.


O HUMOR e o COMPORTAMENTO do líder determinam o humor e comportamento de todos os outros. Um cara rabugento no comando, cria uma empresa tóxica repleta de funcionários com desempenho inferior. Líderes inspiradores e inclusivos geram seguidores para superar qualquer desafio. Ao final o desempenho é: lucro ou prejuízo.


Níveis altos de inteligência emocional geram clima de partilha de informações, confiança, tomada de riscos saudáveis e aprendizado.

Claro que gerir a vida interior não é fácil.

Para muitos de nós é o desafio mais difícil. E medir como nossas emoções afetam as dos outros pode ser da mesma forma difícil.


Conheci um CEO, que na época iniciou um projeto comigo de Tutoria Executiva para ele. E na mesma semana que iniciamos os trabalhos, ele quis transformar em uma ferramenta para todos os seus funcionários. O que inicialmente seria um trabalho com ele, expandiu para toda sua equipe. Ou seja, os problemas estavam na forma como as pessoas lidavam com eles.


Sua ideia inicial era mudar todos e todas que trabalhavam para ele.

Para cada pessoa do seu quadro de funcionário ele fez questão de escrever e descrever um dossiê destruidor (literalmente em um caderno de capa preta). Cada pessoa que estava ali, não prestava e não valia nada para ele. Então a ordem era ou mudam ou mudaria todos. 

A lâmpada amarela acendeu!!!


MUDANÇA! Mudança é simples, mas não é fácil.  

Precisava então investigar. Seu modelo de gestão possuía um padrão comportamental que não batia com o que foi sendo levantado junto às pessoas com quem eu conversava, nem com os fatos registrados, nem com a cronologia dos acontecimentos, nem com os álibis apresentados por ele.

A luz vermelha acendeu!!!


Realmente muito irritado com as pessoas ao seu redor, com a forma que ele enxergava sua equipe e principalmente o resultado ínfimo que estava conseguindo, sem acrescentar o estresse diário e a desmotivação quanto ao seu negócio.


Nosso combinado inicial era que ele viesse até meu escritório – essa era uma forma de tirá-lo de dentro do ambiente que lhe estava corroendo por dentro (em sentimentos), e por fora (em ações).


Neste dia em especial tínhamos um encontro e logo no fim da manhã recebi uma ligação dele, onde ficamos – quer dizer ele ficou – durante mais de 40 minutos esbravejando, gritando, esperneando e desejando que todo mundo morresse da sua empresa. Para cada pessoa ele tinha uma “praga” em especial por um motivo especial.

Então entendi que ele não viria nesse dia, em função de tudo que me contara. Mas ele disse:

“Não. Preciso falar com você”. Então estou te esperando aqui no escritório. “Não vou sair daqui, preciso que você venha aqui pra eu te mostrar o que eu estou te falando”. 

“Vou provar para você”. Nunca me esqueço dessa frase.

Então, fui lá para que ele pudesse me mostrar tudo que estava dizendo.


Cheguei e subi para sua sala, sentei e fiquei quase uma hora de um monólogo estridente, de uma gritaria histérica, raivosa e mortal. Quando ele conseguia respirar, que eu achava que poderia argumentar, ele se lembrava de outra coisa e recomeçava tudo outra vez. 

Eu já não escutava mais nada. Não conseguia assimilar e assim que tive oportunidade, perguntei: 

Você já olhou para sua empresa hoje?


E assim foi durante horas, ele reclamando e eu repetindo a mesma pergunta. Você já olhou para sua empresa hoje? Você já olhou para sua empresa hoje? Você já olhou para sua empresa hoje?...

Até que ele explodiu! 


“Cara, não agüento mais você repetindo isso a vida toda (eu estou sendo educado e trocando algumas palavras por outras mais suaves, por que de 10 palavras, 11 era um palavrão), eu chego aqui todo dia por 37 anos, você quer o que?”


Com muita dificuldade consegui tirá-lo da sala e fomos lá para a frente da empresa na beira da avenida. Disse que eu queria ir do outro lado das avenidas – lááá do outro lado.

Nesse momento ganhei um tapa nas costas, com a seguinte frase: “você é muito folgado, e eu ainda pago você pra isso? Você não acha que eu tenho mais o que fazer?”

Novamente com jeitinho consegui que ele fosse comigo lááá do outro. Quando chegamos. Sentei no meio fio, ele ficou de pé, perguntei: você já olhou para sua empresa hoje?

Ele fez silencio durante uns dois longos minutos.

Me levantei, dei um tapinha nas costas dele, e disse: agora você tem o que fazer. Atravessei a avenida e deixei ele lááá de pé na beira da avenida. E fui embora. Falei pra mim mesmo, esse já era, nunca mais vai me procurar.


Vou tentar descrever o cenário que responde a pergunta: tinha uma fachada gigantesca que pegava toda a frente da empresa, estava completamente desbotada pelo sol, já não era possível ler o que estava escrito e ainda para completar tinha um parafuso solto, então ela estava, assim meio pendurada de banda. A frente da empresa era toda de vidro. Tinha papel colado nela de tudo que você possa imaginar: festa do morango, aluguel de kitnet, venda de apartamento, foro pé de serra, cartomante, despacho, cachorro perdido... Tudo colado na vidraça da empresa. Tinha um muro baixinho pintado, mas tinha uma depressão no asfalto que juntava lama quando chovia, jogando lama no muro azul mais que agora era cor de barro. Seus funcionários na hora do almoço sentavam-se na calçada para comer, segurando as marmitas na mão com pessoas passando. 

Tinha mais coisas, mais acho que já é o suficiente.


Dois dias depois, o telefone tocou e era ele. 

“Cara tem duas noites que eu não consigo dormir com aquela pergunta latejando na minha cabeça como se fosse um sino”.

Ele repetiu: Você já olhou para sua empresa hoje?

Nada que uma boa lavagem cerebral não possa incomodar bastante. É igual a música dos elefantinhos...


Aproveitei a abertura e obviamente o fato de estarmos ao telefone, assim ele não podia me bater – o cara era 2 x 2 – Falei tudo e mais um pouco, descasquei nele. 


Disse tudo que eu pensava a respeito dele como gestor.

Que ele era um “M....” de dono de negócio. Que a mesa que ele tinha dava nojo. Que a desorganização partia dele. Que ele estava ali brincando de ser dono e escravizando aquelas pessoas como se estivessem amarradas a um tronco sendo açoitadas com a língua afiada dele todos os dias. Que as pessoas que ele tanto desprezava e odiava, recebia e devolviam a ele todo o desprezo, ódio e indiferença pela forma como eram tratadas... A lista do que falei deve ter dado mais do que a distância das avenidas que nós atravessamos dias antes.


Desliguei o telefone e disse pra mim mesmo: existem três alternativas. 

1-Esse já era. Nunca mais vai me ligar.

2- Melhor arrumar um segurança por que ele vai me matar.

3- Dei um tratamento de choque de realidade.


Seis meses depois recebo uma ligação dele. Tudo bem? Tudo. “Queria que você viesse aqui na empresa”. 

Eu? Eu não. Depois do que eu te falei, você está querendo me matar. Ele riu. E marcamos minha visita.


Cheguei lá e tudo estava mudado, limpo, arrumado, novo visual, nova identidade, tudo pintado, nada de papel colado, buraco tapado, muro todo reformado, e o mais bacana foi conhecer o refeitório que ele construiu com tudo e todo conforto para seus funcionários, com área de lazer, todos os equipamentos de cozinha, microondas, geladeiras, TV, som, redes, almofadas... Tudo que pudesse dar DIGNIDADE as pessoas que contribuíam com o seu negócio. 


Adivinhem? 

Os resultados começaram a crescer, o ambiente mudou, e a grande mudança foi nele. Um novo líder surgiu. Cooperativo, integrado, participativo, respeitoso e respeitado, admirado, elogiado...


Essa foi uma das experiências mais marcantes que tive a oportunidade de ser coadjuvante no processo de restauração de uma liderança exemplar.


Não é necessário nada mirabolante, às vezes o que nos falta na responsabilidade de liderar é entender que temos que chamar a responsabilidade para nós e assumir que nós somos o problema e que pequenas mudanças em nossos comportamentos podem desencadear uma avalanche “construidora” de novos hábitos e novos resultados.


Vamos falar de chefes perversos?

Todos nós conhecemos gestores rudes, cruéis e coercivos que ao que tudo indica, representa a antítese da inteligência emocional, mas mesmo assim parece obter excelentes resultados para as empresas, nem sempre para as pessoas. 

Numa outra experiência como executivo em uma multinacional Suíça conheci um assim, bem de perto.


Como explicar esses mesquinhos, porém bem-sucedidos?

Vamos examinar mais de perto.

O fato de um executivo ser o mais visível não significa que realmente lidere a empresa. Neste caso ele dirige a empresa, quem ativamente lideram as pessoas são seus chefes de áreas que afetam a rentabilidade. Por vezes esse modelo de líder tem seus pontos fortes que contrabalançam sua conduta cáustica. 

Um modelo desse bem conhecido era Jack Welch que exibia uma mão forte no comando ao empreender numa recuperação radical da empresa GE. Naquela época um estilo de gerenciamento de cima para baixo era o mais apropriado. Isso certamente não agradava a todos, mas para o bem maior que era salvar o negócio o remédio amargo era aceito.

Depois mudou para um estilo de liderança emocionalmente mais inteligente. Modelo esse que todo mundo admira e elogia quando vê sua imagem ou suas frases de efeito. Certamente no período anterior não deveria ser tão bem visto assim. 

No artigo 21, falamos sobre a diferença conceitual entre chefia e liderança ou para ser mais cirúrgico, na diferença entre saber a hora em que deve-se adotar um estilo ou o outro sem perder a mão do momento.


Os céticos citam Bill Gates, por exemplo, como um líder que se dá bem com um estilo rude que deveria teoricamente prejudicar sua empresa. 

E Steve Jobs, qual o estilo dele? 

Inteligência Emocional provavelmente deve passar bem longe. Mas dá resultado, até hoje.


Gates e Jobs são orientados para a realização, resultado e processos por excelência, em uma organização que escolheu a dedo pessoas altamente talentosas e motivadas. Seus estilos de liderança aparentemente rude eram aplicados desafiando de forma aberta os funcionários a superarem seu desempenho anterior. Pode ser um modelo de liderança bastante eficaz.


Juntaram em suas equipes competência, motivação e baixa necessidade de orientação, características perfeitas para o sucesso quando falamos de uma empresa voltada para processos.


Então, como em tudo existem exceções para tudo, mesmo para líderes durões.


Um modelo de liderança exemplar e seguidora está presente no filme Patch Adams – O amor é contagioso.


Uma história real de um líder que plantou sua semente no imaginário e no desejo das pessoas por seguir o seu modelo e a fila para quem quer seguir sua metodologia é enorme e se mantém até hoje.


Ele usa o humor, o carinho e a criatividade como formas de tratamento e a ideia de que os pacientes são pessoas e não doentes, doenças ou números. Seu método incomoda médicos e alguns colegas de classe que tentam o prejudicar mais gradativamente ele conquista até os pacientes menos amigáveis.


Outro é Mandela – O caminho para a liberdade 

Inspirado na autobiografia de Nelson Mandela, lançada em 1994, retrata todo o percurso traçado pelo líder sul-africano a partir de seu próprio ponto de vista, desde a sua infância, vivendo em uma pequena aldeia rural, até a eleição democrática ao cargo de Presidente da República da África do Sul. Em uma luta constante pelo fim do apartheid no país, Mandela chegou a passar 27 anos em cárcere pelo que acreditava.


ou Invictus, também sobre a trajetória de vida dele.


Recentemente eleito presidente, Nelson Mandela tinha consciência que a África do Sul continuava sendo um país racista e economicamente dividido, em decorrência do apartheid. A proximidade da Copa do Mundo de Rúgbi, pela primeira vez realizada no país, fez com que Mandela resolvesse usar o esporte para unir a população.


Sociedade dos poetas mortos – a história de um líder influenciador. Levou seus alunos a uma jornada sem fronteiras de mudanças para a vida. 


Em 1959 na Welton Academy, uma tradicional escola preparatória, um ex-aluno se torna o novo professor de literatura, mas logo seus métodos de incentivar os alunos a pensar por si mesmos cria um choque com a ortodoxa direção do colégio, principalmente quando ele fala aos seus alunos sobre a "Sociedade dos Poetas Mortos".


Livro, Jesus - O maior líder do mundo.

Já se passaram mais de 2020 anos do calendário cristão e as pessoas nascem, crescem e morrem dentro das doutrinas dessa liderança. Seguindo um líder que ninguém do nosso tempo nesse planeta teve a oportunidade de conhecer. Não estamos falando de religião. Estamos falando de modelos de liderança. 


Os exemplos de lideranças positivas relacionados ao modelo emocional inteligente estão por todos os lados e de todos os tamanhos. A contar pelos resultados alcançados deve ser um bom modelo a ser seguido.


Liderança pelo Ctrl “C”, Ctrl “V” – Pelo exemplo.


Dorotthy Law Nolte escreveu um poema que se tornou um clássico e nos permite refletir sobre como os exemplos que são passados aos filhos em sua vida diária pode exercer grande influência sobre eles. O seu comportamento também pode ser um exemplo e exercer influência sobre os outros, sejam eles da sua equipe, sejam seus filhos ou seus amigos ou o seu negócio.


Crianças aprendem o que vivenciam.

Se as crianças vivem ouvindo críticas, aprendem a condenar.

Se convivem com hostilidade, aprendem a brigar.

Se as crianças vivem com medo, aprendem a ser medrosas.

Se convivem com a pena, aprendem a ter pena de si mesmas.

Se vivem ridicularizadas, aprendem a ser tímidas.

Se convivem com a vergonha, aprendem a sentir culpadas.

Se convivem com a inveja, aprendem a invejar.

Se vivem sendo incentivadas, aprendem a ter confiança em si mesmas.

Se as crianças vivenciam a tolerância, aprendem a ser pacientes.

Se vivenciam os elogios, aprendem a apreciar.

Se vivenciam a aceitação, aprendem a amar.

Se vivenciam a aprovação, aprendem a gostar de si mesmas.

Se vivenciam o reconhecimento, aprendem que é bom ter um objetivo.

Se as crianças vivem partilhando, aprendem o que é generosidade.

Se convivem com a sinceridade, aprendem a veracidade.

Se convivem com a equidade, aprendem o que é justiça.

Se convivem com a bondade e consideração, aprendem o que é respeito.

Se as crianças vivem com segurança, aprendem a ter confiança em si mesmas e naqueles que as cercam. 

Se as crianças convivem com afabilidade, aprendem que o mundo é um bom lugar para se viver.


Sua participação:


-O fato de tratar as pessoas ao seu redor com respeito não fará com que os outros te devolvam necessariamente a mesma coisa. Mas quando se trata de aprendizagem, dar o exemplo aumenta muito as chances de as pessoas criarem uma referencia e reproduzirem um comportamento que observam e valorizam e se assemelham ao seu no dia a dia. Observe o resultado. Experimente fazer algo inovador para alguém e veja o retorno.



Por Mário Borgo – Baseado nos livros de Daniel Goleman e Karim Khoury e pesquisas realizadas pela Consultoria Hay/McBer e Artigos da Harvard Business Review.

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