Série CHECK in-out 07 - A REVOLUÇÃO DOS EXCEDENTES NO MUNDO DO VAREJO
- Mário Borgo

- 13 de jun. de 2024
- 5 min de leitura
Atualizado: 30 de jul. de 2024
As vitórias e conquistas, vida ou morte do seu negócio, dependem muito mais da forma como você conduz as suas próprias escolhas do que das interferências externas podem fazer a você.
O homem sempre buscou suprir suas necessidades básicas com atividades de coleta, expandindo para caça e pesca, depois para cultivo e criação de pequenos animais, para dar conta da sobrevivência foram introduzidas outras atividades como vestimenta e artesanato, entre várias outras. A produção era orgânica local, para seu próprio consumo. Ao se aperfeiçoar a forma de se produzir, agregando inovação tecnológica – entenda que estamos falando de melhorar o processo de produção dando mais velocidade e facilidade na mão de obra - começaram a surgir os excedentes que viraram moeda de troca por produtos ou serviços que outros produziam e que eram diferentes e necessários à sua sobrevivência.
Surge o varejo, o começo de uma atividade que perdura até hoje e que não terá fim. Essa sim é uma das mais antigas atividades do homem nesse planeta. Ao comercializar, entra em cena outros aspectos como valorização do bem, entendimento de importância, consciência de valor, comunicação, abordagem, satisfação pela aquisição do produto.
O crescimento dos excedentes, deram origem ao que chamamos de economia de mercado.
Não demorou muito para que as moedas e os bancos, tivessem um papel crucial no desenvolvimento dos processos de abastecimento e distribuição na sociedade. O conceito de general store, se deu por volta de 1700, onde o abastecimento das pequenas cidades se dava por um tipo “loja geral”, lá, era possível encontrar de tudo, era um grande hipermercado da época. Para produtos mais refinados ou especiais era necessário se deslocar para grandes centros mais desenvolvidos. Nada diferente de hoje, continuamos a ter os grandes centros como referencia de mercado e varejo.
A medida que fomos evoluindo em necessidades e expectativas, as exigências foram empurrando a evolução para frente e dessa forma fomos introduzindo inovação e tecnologias mais requintadas. O processo permanece, com a observação do elemento da velocidade atribuída aos mecanismos e ferramentais disponíveis para atender as demandas.
A origem da segmentação se deve aos inúmeros modelos de negócios que foram sendo criados, e dessa forma, um comércio já não atendia a demanda de todos. Lojas específicas e especializadas foram sendo criadas, para atender a públicos cada vez mais exigentes ou diferenciados. Nasce o conceito de grocery store, um modelo de negócio destinado apenas à venda de alimentos. Você já deve ter ouvido ou experimentado esse tipo de comércio, que conhecemos como mercearia ou armazém. Sua característica mais marcante era o balcão de atendimento que não permitia o cliente ter acesso direto ao produto.
A revolução industrial traz grande influência na definição de novos modelos de varejo provocando mudanças significativas no desenho, uma vez que as mercadorias agora eram fabricadas em larga escala e os meios de transportes permitiam maior capilaridade, além das mudanças de hábito de consumo que começam a formatar um novo cenário.
Paris nos idos de 1850 cria a primeira loja de departamentos, a Bon Marchè, que trazia características interessantes ao agrupar os produtos em categorias. Mas foi em 1912, nos Estados Unidos inauguração da primeira loja do mundo com atendimento por auto-serviço, o cash and carry ou “pague e leve”.
Tem três características fundamentais: preços preestabelecidos, cliente poder escolher e comprar os produtos e pagar no caixa e, os produtos passaram a ser diferenciados pelas marcas de seus fabricantes. Isso dá origem às estratégias de marcas e fortalece a distribuição.
10 anos depois veio o modelo de auto-serviço mantendo as três características básicas de liberdade de escolha, pagar e buscar por marcas nas prateleiras.
Esse foi um modelo de varejo revolucionário, que mantém sua aprovação dos consumidores até os dias atuais. As conseqüências desse modelo foram a redução significativa dos preços e das margens de ganho.
Os supermercados surgiram, dessa forma, como um subproduto da inovação. Fatores como a “grande depressão”, na década de 20 até 30, gerou uma necessidade de mercadorias com baixo preço e maior qualidade.
No Brasil, em 1947, um pioneiro foi o Frigorífico Wilson, que implantou seu auto-serviço para comercializar embutidos e agregou uma inovação no armazenamento de carnes frescas.
O surgimento dos grandes armazéns na Europa, desencadearam em outros países novos formatos de lojas como as “lojas de departamento”, onde era possível encontrar um novo conceito: setorização. Artigos e acessórios, roupas, utensílios, decoração, móveis... tudo em áreas específicas e planejadas.
A última modalidade comercial que surgiu foi para atender demandas localizadas, ou seja, nos bairros, são as pequenas lojas que mesclam auto-serviço com o modelo tradicional de atendimento supervisionado por um agente promotor da venda. Conceito chamado de convenience store, ou loja de conveniência e comodidade. Com a evolução da tecnologia e web outros novos modelos surgiram e com eles uma relação distante entre o negócio e o cliente, as relações se manifestam mais pelas marcas do que pelo estabelecimento. No cenário atual estamos tentando retomar o ciclo de aproximação e entendimento do consumidor para que possamos utilizar essas informações como peças do quebra cabeças de vender para o cliente certo o produto certo da forma certa para obter satisfação. A mesma que nos primórdios buscávamos atender.
A evolução é um mecanismo sempre apontado para frente e para cima. Nessa direção deixamos preciosidades para trás como o relacionamento próximo de quem nos interessa.
A diversidade nas estruturas de se fazer comércio é uma realidade em qualquer parte do mundo. Para nós o varejo, o atacado, feiras livres, lojas tradicionais, armazém, mercearias, empórios, lojas de departamentos, auto-serviço e o supermercado, são os formatos que passam por genuínos testes de resistência, depois da derrocadas de tradicionais nomes nacionais e internacionais.
O mundo girando...
“A Victória’s Secret declarou falência. Assim como o Cirque Du Solei. A Zara fechou 1.200 lojas. Chanel, Hermes e Rolex interromperam a produção. A Nike prepara-se para a segunda etapa de demissões. O fundador do AirBnb disse que, devido à pandemia, 12 anos de esforços foram destruídos em 6 semanas. A Starbucks anunciou encerramento permanente de 400 lojas”. E a lista continua...
Por outro lado, novas modalidades de lojas surgem todos os dias, fruto do progresso e desenvolvimento constante, da necessidade e criatividade de empresários empreendedores, da crescente exigência dos consumidores e da grande necessidade de sobrevivência.
Entre as funções exercidas pelo varejo, destaca-se:
Vender: Promover o produto, junto ao mercado e aos clientes.
Comprar: Negociar uma variedade de produtos de vários fornecedores da indústria para revenda.
Selecionar: Seguir o mix de produtos mais adequados a realidade do negócio e mercado inserido.
Financiar: Facilitar a compra dos clientes através de cartão de crédito, boleto e parcelamento;
Armazenar: Proteger o estoque para que os produtos estejam em perfeitas condições no momento da oferta aos clientes.
Distribuir: Buscar dividir (distribuir) as quantidades de acordo com a demanda dos clientes deixando os produtos o mais próximo possível do que eles esperam encontrar;
Transportar: Planejar a logística da movimentação dos produtos, o que está relacionado com a entrega executada pelo transporte.
Controlar a qualidade: Estar na linha de frente com o consumidor e buscar adequar as exigências de consumo.
Satisfazer os clientes: Levar em conta as reclamações, sugestões, e todas as informações que os clientes expressam e planejar planos de ação para elas.
Quanto às categorias que mais se destacam em faturamento total (2018):
Eletrodomésticos, com 19,6%.
Telefonia & Celulares, com 18,2%
Casa & Decoração, Informática e Eletrônicos.
Quanto às categorias que mais se destacam em crescimento de mercado (2018):
Perfumaria, Cosméticos & Saúde, com 16,4%
Moda & Acessórios, com 13,6%.
Casa & Decoração, com 11,1%.
Eletrodomésticos, com 10,6%
Livros, Assinaturas & Apostilas, com 7,5%.
Sua participação:
- Somos essencialmente comerciantes, isso está no nosso DNA. Se você tivesse que apostar em um único fator de importância para a sobrevivência do varejo, quem qual delas você apostaria suas fixas?
- Capacidade adaptativa?
-Recursos financeiros?
-Pessoas habilmente preparadas?
-Processos modelados para sua realidade?
Por: Mário Borgo – Base de estudo e pesquisa em bit.ly, por No Varejo, retail lab, ESPM, m-commerce.


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